Positividade tóxica — o que é e como ela nos afeta?

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Como comemorar – e sentir – a felicidade num ambiente tão carregado como o atual?

Está tudo bem não se sentir bem o tempo todo. Se suprimir acerca dos sentimentos negativos e tentar escapar deles quando há a necessidade de senti-los pode causar um grande sofrimento emocional. 

A psicologia positiva sugere que lidemos com as emoções negativas e sentimentos tristes para atingir uma nova perspectiva na busca pela felicidade, enquanto a positividade tóxica está cheia de discursos que menosprezam e silenciam emoções e nossa individualidade. 

A exaltação do positivo, reprimindo o negativo pode ser tóxica além de causar uma invalidação emocional, ao receber respostas como “ah, não fique triste, está tudo bem”. Dito isso, quantas vezes você já ouviu essas palavras ou de que é preciso pensar positivo independente das circunstâncias? Que não podemos nos deixar abalar, mesmo com experiências ruins e traumatizantes? Pois, saiba que tudo isso é reflexo da positividade tóxica. 

Esse conceito vem ganhando bastante espaço em discussões: influencers, psicólogos, terapeutas e especialistas têm percebido e falado mais sobre o assunto, principalmente em tempos de pandemia. 

Nessa nova realidade em que vivemos, condicionados às interações pela internet, é fácil se apegar às superficialidades dos discursos apresentados nas redes sociais e como eles alimentam essa positividade tóxica e impõem uma vida irreal, que pode levar a dores emocionais e sofrimento. 

Se culpar por não ser sempre otimista e feliz, faz com que nosso campo negativo aumente. Nosso corpo e nossa mente respondem pior ao estresse quando negamos o que estamos sentindo. 

É impossível estarmos bem quando estamos em guerra com nós mesmos. O problema é que a positividade tóxica simplifica excessivamente o cérebro humano e como processamos as emoções, e pode realmente ser prejudicial à nossa saúde mental

Sentir-se conectado e ouvido por outras pessoas é um dos antídotos mais poderosos para a depressão e a ansiedade, enquanto o isolamento alimenta esses problemas emocionais. 

Frequentemente, tentar esconder ou negar sentimentos pode levar a mais estresse no corpo e maior dificuldade em evitar emoções perturbadoras. Fechar a porta aos sentimentos negativos não os faz ir embora e sim os aumenta.

Um dos maiores exemplos de positividade tóxica está na área de negação da natureza traumática da pandemia. É fácil perceber isso quando as pessoas apenas promovem a experiência positiva no isolamento social na qual estiveram em uma jornada de autodesenvolvimento, aprendendo a viver em paz com seu mundo interior.

E como fica a saúde mental? 

Ao bloquearmos emoções “negativas” nós somatizamos as outras emoções que já foram reprimidas algumas vezes. E isso não faz bem, visto que as emoções precisam ser sentidas para conseguirmos evoluir e seguir em frente e quando isso não acontece, essas emoções encontrarão um meio de se expressar, podendo vir por meio de uma doença, como a depressão. 

Suprimir emoções afetam nossa saúde física e mental e ao esconder sentimentos por trás de uma fachada positiva, elas se refletirão de maneiras alternativas em seu corpo, de problemas de pele a um refluxo ou gastrite. Quando ignoramos nossas emoções negativas, nosso corpo aumenta o volume para chamar nossa atenção para esse problema. Ou seja, não é saudável e não é sustentável a longo prazo. 

Admitir que as coisas não andam bem, seja para você mesmo ou para as pessoas ao seu redor, facilita a lidar com essas emoções. Cada um tem o seu próprio jeito de lidar com frustrações, raiva, decepção e outras emoções que são desconfortáveis de sentir e está tudo bem. Aceitar que temos que lidar com esses sentimentos faz com que sejamos mais empáticos e consequentemente amadurecemos emocionalmente, o que ajuda com a totalidade de nosso bem-estar e saúde mental. 

Porque negamos sentimentos negativos?

O ser humano é feito de emoções. Dor, alegria, tristeza, raiva, felicidade, ciúme, inveja… Essas emoções que não são eternas, mas que em algum momento passam ou fazem parte da natureza humana. Porém, em nossa sociedade somos pressionados para sempre estarmos bem, invalidando muitas emoções que sentimos. 

Logo, quando sentimos qualquer desconforto emocional transitório, sentimos que somos fracos. Uma das razões porque mascaramos o desconforto emocional é a vergonha. 

A vergonha é causada pela sensação de inferioridade, como se possuíssemos uma característica tão horrível que é necessário escondê-la para termos algum valor social. A vergonha impossibilita admitir para o outro — ou até para nós mesmos — que não temos uma vida perfeita. O que alimenta esse sentimento é a falta de acolhimento, o julgamento, o silêncio, o segredo e a negação. 

Outro fator pode ser porque emoções desconfortáveis são difíceis de sentir. Elas podem estar associadas a fatores externos, eventos traumáticos ou preocupações que gostaríamos de esquecer. Por mais que a evitação emocional seja algo que traz um alívio momentâneo, não devemos nos agarrar a isso, pois, a longo prazo, a evitação piora o desconforto e pode desencadear depressão, ansiedade e outros transtornos mentais. 

Porque a positividade tóxica é prejudicial para a sociedade?

A positividade tóxica destaca que não existe desculpa para não ser produtivo, perfeito e motivado o tempo todo segundo a pressão da sociedade. A necessidade que o excesso de positividade traz de “ver o lado bom em tudo” e não se deixar abalar por emoções negativas cria pressões desnecessárias e prejudiciais. 

O momento atual em que vivemos, em que o mundo enfrenta uma pandemia é um ótimo exemplo de como a positividade tóxica é prejudicial. Pessoas perderam seus empregos, estão passando fome e por luto, entre tantas coisas e ainda sim, a cultura de positividade não descansa e nos faz sentir que não somos bons o suficiente, que precisamos ser sempre produtivos para sermos validados. 

Muitas pessoas estão reagindo emocionalmente de maneira adequada à situação que estamos vivendo, preocupadas, ansiosas, com medo de se contaminar, com medo das consequências financeiras, preocupadas com as pessoas que amam e precisam se arriscar diariamente para trabalhar, preocupadas com a possibilidade de perderem seus empregos a qualquer momento, entre outros.

Estar mal em uma situação dessas não é errado, o ser humano não é uma máquina de produtividade, mas a positividade tóxica cobra que assim seja. No fim, isso só contribui para que mais e mais pessoas desenvolvam transtornos emocionais, pois não se sentem capazes de fazer aquilo que a sociedade espera delas neste momento.

A positividade tóxica é um problema para a sociedade, pois exclui e inviabiliza uma série de sentimentos que são completamente naturais, fazendo com que pessoas tenham sentimentos de inadequação que acabam por prejudicar ainda mais a situação. Além disso, contribui para uma série de opressões já existentes na sociedade, como a cobrança por produtividade o tempo inteiro.

Como abraçar o que sentimos sem culpa?

Por meio da autocompaixão, sendo mais gentis com nós mesmos, buscando o suporte ou ajuda profissional para conseguirmos lidar com nossos sentimentos. Quando acolhemos nossos sentimentos, estimulamos nosso sistema nervoso a equilibrar nossas reações frente ao estresse, desligando nosso sistema de alarme. 

Isso nos deixa menos reativos e nos ajuda a enxergar melhor o que está nos incomodando. Abraçar o que sentimos sem culpa é o caminho para ter uma boa saúde mental. Algumas técnicas podem ser extremamente auxiliadoras durante o processo de cura e de apenas sentir. Confira algumas delas: 

Mindfulness: Nomeie a emoção ou pensamento investigando como as emoções agem no seu corpo

Ao pensar, “eu acho que essa pessoa não se importa comigo”, ou “eu me sinto rejeitado”, o melhor a se fazer é nomear suas emoções, abrindo um espaço entre você o que você está sentindo, permitindo que você veja seus pensamentos e sentimentos pelo que eles são: fontes de dados que comunicam uma perspectiva e não a verdade absoluta. 

Após reconhecer isso, faça algumas respirações profundas, observe o que está acontecendo com o seu corpo. Aceite o que você sente com curiosidade e atenção, tentando não aumentar nem diminuir. Isso não necessariamente fará você se sentir bem. Na verdade, você pode perceber o quanto está chateado. O importante é perceber a qualidade energética das suas emoções.

Meditação: Entenda melhor seus pensamentos e preste atenção em sua respiração

Reservar alguns momentos do dia para prestar atenção no aqui e agora, aquietar a mente e respirar são ações que fazem parte desta prática. 

A meditação é uma técnica ancestral que desenvolve a concentração, a tranquilidade e o foco no presente. Significa voltar-se para o centro. Meditação é uma pausa, momento em que os barulhos dos pensamentos não são tão importantes, é estar em contato com a própria essência, longe da materialidade. 

Autogentileza: Acolha o seu desconforto.

Tente ter um diálogo interno gentil e solidário. Pense como você falaria para acolher um amigo que estivesse passando pela mesma situação, e ofereça a si mesmo essas palavras. Quando acolhemos nosso desconforto, nosso corpo e nossa mente entendem que temos apoio e que estamos seguros. Se nos sentimos seguros, não precisamos nos defender e consequentemente ficamos menos reativos e mais capazes de ver a situação por uma perspectiva mais ampla.

Nesse sentido, a Holos pode contribuir para o auxílio na prevenção da saúde mental e na aceitação dos sentimentos por meio de técnicas holísticas que auxiliam no bem-estar e na felicidade. Entre em contato conosco e entenda mais sobre como terapias holísticas podem ajudar a acabar com a positividade tóxica. 

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